Que mundo é este?

Foto Reuters

Luto jornalístico-democrático: pela Liberdade de Expressão, pela dignidade humana, pela dignidade da profissão do jornalista. 


Tristeza, nojo, raiva... Não sei ao certo como descrever o meu estado de alma. Hoje vi o mundo com outros olhos. Não gostei do que vi.

Que mundo é este em que vivemos no qual um jornalista não está seguro na própria redação?
Que mundo é este que tenta silenciar a palavra?
Que mundo é este em que se ataca de forma brutal a liberdade de expressão?
Que mundo é este em que a violência é a solução?

Não! Sabem que mais? Não! A violência não é, não foi, nem nunca será a solução! Sabem que mais? A arma mais forte é a palavra. É essa que eu vou usar agora. É essa que nós jornalistas usamos todos os dias. A palavra é mais forte que qualquer arma! E até nos silenciarem a todos, um por um, a luta não vai cessar. Nunca!

Podem atacar. Que ataquem! Somos fortes. Somos muitos. Somos resistentes. Demorámos anos e anos a construir algo que por vezes levamos como garantido: a nossa Liberdade! E quando falo no plural não falo apenas dos jornalistas, falo de todos nós cidadãos comuns. A liberdade é um direito, é certo. Também é um dever. Nunca se esqueçam disso. Neste momento é nosso dever defendê-la e preservá-la.

Mataram jornalistas. Não cessaram a nossa voz. Muito pelo contrário. A nossa voz fala agora mais alto.

Sou uma jornalista de hoje, serei (se assim puder ser) uma jornalista do amanhã. Serei até aos fins dos meus dias (seja isso daqui a 70 anos ou já daqui a umas horas) defensora da liberdade de expressão.

Muitas pessoas já me perguntaram hoje “Não tens medo?” Ao que eu respondi: Medo de quê? De viver? De fazer o que amo? De pessoas ignorantes, ingratas, sem respeito pelo outro? Não, não tenho medo. Tenho pena destas pessoas. Pena daquilo em que se tornaram. Pena que estejam cegas. Tenho pena, muita pena...

As notícias estão à vossa volta, todos os dias, a todas as horas. Os jornalistas podem parecer, por vezes, invisíveis. Estamos tão presentes, que às vezes somos esquecidos. Não somos invisíveis! Estamos aqui! E vamos lutar. Não nos vamos calar. Nunca! Dizimaram uma redação. Mataram os meus camaradas. Espero que a nossa voz seja forte. Espero que nunca nos calem!


“Mãe, quando for grande quero ser jornalista!”. Já me sinto jornalista. Seja mera estagiária ou outra coisa qualquer, isso não interessa.  Hoje a frase é outra “Mãe, quando for grande quero ser uma guerreira, uma lutadora!”.

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